A HUMANIZAÇÃO NO BANHO NO LEITO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DE MELHORIA
A experiência do paciente durante o banho no leito em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é um tema que merece mais atenção. Embora a técnica de banho no leito tenha o objetivo de garantir a higiene e o conforto de pacientes que não podem realizar a higienização por conta própria, relatos de pacientes evidenciam que a experiência vai além das questões técnicas, com desafios que impactam diretamente no bem-estar e recuperação dos pacientes.
Um estudo realizado em dois hospitais públicos revelou as principais reclamações dos pacientes internados em UTIs durante o banho no leito, que envolvem:
- Pouca Água Durante o Banho A limitação de água no procedimento convencional é uma das grandes falhas. A técnica, que envolve a imersão de um pano na água e sua reutilização para passar no corpo do paciente, não garante uma redução significativa da carga bacteriana. Ao contrário, pode espalhar a carga bacteriana pelo corpo do paciente, com uma diminuição de apenas 10% no final do processo, o que compromete a eficácia da limpeza e a segurança do paciente.
- Temperatura da Água Um problema recorrente nas UTIs é a temperatura da água utilizada no banho. O fato de existir um horário específico para a execução do procedimento faz com que muitos pacientes recebam o banho com a água já fria, causando desconforto, queda na temperatura corporal e alterações nos parâmetros vitais. Esse desconforto pode agravar a condição do paciente, especialmente se ele já estiver debilitado, pois o que é considerado uma temperatura ideal para o profissional pode não ser adequado para o paciente, que se encontra em um estado vulnerável.
- Excesso de Exposição do Paciente Durante o processo de banho no leito, os pacientes frequentemente se sentem expostos, o que gera vergonha, frio e desconforto. A exposição prolongada do corpo do paciente é uma situação ainda mais delicada em ambientes de internação coletiva, onde a privacidade se torna um desafio. Muitas vezes, as necessidades emocionais do paciente são negligenciadas, e a vulnerabilidade é intensificada por uma abordagem insensível.
- Insensibilidade dos Profissionais Movimentos bruscos, falta de comunicação e atitudes impessoais podem resultar em um banho doloroso e traumático para o paciente. Relatos como "Achei que iria cair ao ser virado bruscamente" ou "Me lavaram como se fosse um objeto" mostram como a insensibilidade pode prejudicar a experiência do paciente, ampliando a sensação de desconforto e indignação. A falta de empatia dos profissionais de saúde durante a execução do procedimento é um aspecto negativo que precisa ser superado.
A FALTA DE COMUNICAÇÃO E RESPEITO À INDIVIDUALIDADE
A comunicação com o paciente é essencial para a execução de um cuidado humanizado, mas muitos pacientes relatam se sentir impotentes diante de uma assistência autoritária. Relatos como “Não falei nada, porque aqui é assim mesmo” indicam que os profissionais, ao não explicarem claramente o procedimento ou não envolverem o paciente no processo, criam um distanciamento que prejudica a experiência do paciente.
Além disso, a falta de respeito à individualidade do paciente, especialmente no que diz respeito à privacidade e ao toque durante o banho, foi uma das principais queixas. Situações como:
- “Me deixaram nua com a porta aberta e cheia de gente ao redor.”
- “Eu preferia que uma pessoa do mesmo sexo realizasse o procedimento.” Demonstram o quanto os pacientes se sentem vulneráveis e desrespeitados em momentos de fragilidade.
HUMANIZAÇÃO NO CUIDADO: A IMPORTÂNCIA DOS GESTOS SIMPLES
Apesar das queixas, também existem relatos positivos que demonstram a importância de atitudes simples, mas significativas. Quando os profissionais de saúde adotam uma abordagem mais humanizada, o banho no leito se transforma em um momento de cuidado terapêutico. Atitudes como:
- Saudação ao paciente pelo nome.
- Oferecimento de água na temperatura ideal.
- Permissão para o paciente participar do processo, como decidir sobre a temperatura da água ou realizar parte do banho.
Esses gestos criam um vínculo de confiança e respeito, transformando um procedimento técnico em uma experiência mais digna e confortável. A percepção do paciente sobre o cuidado humanizado é clara: "O banho foi maravilhoso, porque a enfermeira foi carinhosa e cuidadosa".
UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Os relatos revelam que, em muitos casos, o cuidado técnico não é suficiente para atender às necessidades emocionais e psicológicas dos pacientes. O processo de banho no leito, muitas vezes considerado apenas uma rotina, pode ser uma oportunidade única para proporcionar ao paciente dignidade, conforto e segurança.
É essencial que a humanização seja integrada a todos os processos de cuidado, inclusive no banho no leito. Respeitar a individualidade, garantir a privacidade, comunicar-se adequadamente e envolver o paciente são medidas fundamentais para melhorar a experiência do paciente e fortalecer o vínculo entre cuidador e paciente.
Agora, a pergunta que fica é: como podemos aprimorar ainda mais o cuidado nos hospitais, tornando-o mais humano e acolhedor?
Vamos refletir sobre isso e discutir como podemos, juntos, transformar o ambiente hospitalar para que cada paciente seja tratado com a dignidade que merece.
Sistema de Higienização de Pacientes HIGILEITO: https://youtu.be/73RSsQadXEs